NÓ DE GRAVATA

Por Ed Santos

Saímos cedo, por volta das 18h00. O horário de verão ajudava no percurso, porque dirigir à noite não era legal, nunca gostei. Ela vestia uma saia verde com listras brancas e uma blusa branca, gola careca. O salto discreto era baixo, e quem olhava de longe tinha a impressão de estar vendo uma mulher de estatura médio-alta. Colar e brincos de prata (eu acho) ornamentavam a silhueta em contraste à maquiagem retocada na saída do trabalho. Na mala, todos os acessórios e badulaques que as mulheres levam a qualquer lugar, qualquer viagem, além de outras duas malas e uma bolsa mais pesada que chumbo, e que não deu pra ver direito o que tinha dentro porque eu não tive paciência de ajudar a preparar na noite anterior.

Na minha bagagem, duas cuecas, duas bermudas, uma sunga, xampu, fio dental, pasta e escova de dente devidamente enrolados numa das três camisetas de lycra, daquelas que não amassam e conseqüentemente não precisam passar pela incandescente sensação de ser prensada por um ferro de passar. Tudo muito bem acomodado numa bolsa pequena que eu uso pra ir pro futebol. Não preciso de mais nada para passar um final de semana em Ubatuda. Quem olha de fora do carro só imagina que vou numa festa por conta do terno e gravata que estão num cabide pendurado por detrás do meu banco. Mas é isso mesmo, só não consigo entender como o Dorival, morando na praia resolve casar com as formalidades de como se estivesse em São Paulo. “Coisa da minha sogra”, defende ele que conheceu a noiva a não mais que três anos e já está casando.

A intenção é parar em São Luis do Paraitinga para dormir e seguir viagem no sábado pela manhã. Tomamos um café na pousada e tocamos. O casamento é as 12h00. Imagina só o calor insuportável que deve estar naquela igreja. Não consigo me ver defronte ao padre por mais de trinta segundos mantendo a pose e garantindo ao Dorival que estou muito feliz pelo casamento dele e por ele ter me convidado pra ser padrinho. Padrinho de um casal que vive numa cidade do litoral e que resolve casar na igreja, ao meio dia de um sábado de verão. Porque que não casam à beira-mar, roupas leves, brancas e despojadas, descalços ao som de Janis Joplin?

Pensando no casório enquanto olho pro meu terno alugado, vejo que ele é até muito bem alinhado e que as riscas de giz são discretas. A camisa branca tem os punhos e o colarinho bem cuidados e a gravata vinho também era muito bonita, mas não estava com o nó feito. E agora? Vou ter que me virar pra dar um nó nesse troço!

Quero saber quem foi o cara que inventou o nó de gravata.  E mais, como ele descobriu que ela só funcionaria com um nó? Ainda mais um nó tão difícil de dar. Com certeza o cara que inventou a gravata não morava na praia, se morasse, teria inventado uma bermuda com a barra desfiada, bolso rasgado e com um cinto sem fivela, apenas uma tira amarrada num nó de marinheiro.

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6 Comentários

Olá Ed!

Vi que deixou de seguir o meu blogue. Não gostou?

Abraços!
Ed Santos disse…
Falha minha na administração do blogger...rsrs.
Deixei de seguir todo mundo!!!
Volta a adicionar:
www.filatelicamentecentro.blogspot.com
Se te interessar, claro!
Abraços!
Anônimo disse…
Cara bota uma foto feia aí.
Anônimo disse…
ooooconbeque maue ooooooooooooooooooooooootario