Tem umas pessoas “cheias de paz”
por aí que ficam dizendo que o perdão faz bem... que o ódio faz mal para a saúde... Pura
balela. Quando essa gente fica magoada não perdoa de jeito nenhum. Sequer pede
desculpas. Se disser que perdoou está mentindo.
Eu mesmo passei por essa
situação. Falo por experiência própria de quem não foi perdoado. Quem eu
realmente magoei, até compreendo. Já briguei com um ex-amigo de bobeira, culpa
minha, e pedi perdão logo em seguida. Ele teve a humildade de responder que não
queria retomar a amizade naquele momento. Esperei. No aniversário dele, meses
depois da briga, tomei coragem e lhe desejei felicidades. Ele aceitou e fizemos
as pazes.
Antes, fiquei magoado com uma
colega da primeira pós-graduação que eu fiz (e única que eu terminei).
Procurei-a como se não tivesse acontecido nada. Ela respondeu educadamente. Mas
não me procurou mais. A amizade que a gente tinha não era mais a mesma. Lembrei
daquele ditado “Amizade é igual pata de cavalo. Quando quebra não é mais a
mesma”. Ah! Tem aquele também que diz “Amizade é igual papel: quando você
amassa e depois desamassa nunca mais fica como era antes”. Nunca mais a
procurei. Mesma coisa para o meu principal colega na faculdade de jornalismo, que
não me procurava depois que nos formamos, e quando eu procurava
me tratava com frieza.
Com outra colega de outra
pós-graduação, que, aliás, eu abandonei no final, também me desentendi. Ela me
boicotava nos trabalhos de grupo. Fazia corpo mole. Mesmo tendo razão na minha
mágoa pedia desculpas. A primeira ela aceitou, mas me enganou de novo,
repetindo o corpo mole. Na segunda, ela voltou a “superar”, mas foi fria
demais. Foi mais calorosa pra falar das afinidades com outro colega da turma do
que pra me perdoar. Fiquei com tanta raiva desse suposto envolvimento amoroso
entre eles que eu nem respondi ao tal e-mail.
Meses depois, tentei
readicioná-los no Facebook, como se não tivesse acontecido nada. Eles não
aceitaram. Aí caí na asneira de reclamar. Fui dizer que o ódio estava me
fazendo mal. Nem se deram ao trabalho de
responder à minha mensagem suplicante.
No ano passado, por causa de uma
ironia com o tempo de gravidez feita por um seguidor no Twitter que eu fiz
questão de repassar, um cara que se dizia meu amigo, metido a jornalista
esportivo, disse que bloqueou o cara só porque não gostou da mensagem. Respondi
de brincadeira que ele estava sendo mal-humorado, que não estava levando na
brincadeira. E o jornalista me bloqueou também. Eu fiz o mesmo e nunca mais
visitei o site caseiro dele. Até agora não veio me pedir desculpas. Deve estar
achando que eu não respeitei a opinião dele. Dane-se. Não vou procurá-lo. Eu
tenho razão.
Sabe aquele ex-amigo que me
perdoou após eu ter rompido de bobeira? Pois é. Brigamos de novo. Agora o
culpado foi ele. Eu lhe disse que mandei currículos para dezenas de produtoras
de cinema mas não consegui nada porque não tenho “pistolão”. Ele dizia que sofria
com isso, fingindo compartilhar a minha frustração. E de repente, não é que ele
foi indicado para trabalhar em uma?
Me senti traído e cobrei dele uma
indicação. Ele se fez de vítima dizendo que tinha acabado de ser contratado,
que eu estava lhe pressionando e que fui o único que não lhe deu parabéns. E
não dei mesmo. Não sou hipócrita como ele. Isso foi apenas a gota d’água porque
já estava revoltado com ele me chamando de mimado quando lhe contava os
presentes que eu ganhava da minha família, das viagens que eu fiz e das suas notícias
falsas (?) de que a tal ex-colega da pós que me boicotava nos trabalhos, o
“novo marido” (?) dela e vários conhecidos de quem estou com raiva estavam bem
colocados enquanto dá tudo errado para mim. Um verdadeiro amigo da onça que
fazia isso só para me irritar.
E já estou desconfiado de que foi
ele quem vendeu um conto que só ele leu para uma famosa atriz produzir um
curta. Sem crédito para mim, claro. Não é muita coincidência ele ter ido
trabalhar justamente numa produtora de cinema, onde ele tem mais contato com
essa gente?
Se eu pedi desculpas da outra vez
porque estava reconhecidamente errado, desta vez não vou pedir. Estando eu
errado ou não. E mesmo se eu pedisse ele ia ignorar e eu faria papel de
ridículo de novo.
Foi com esses casos que eu
cheguei à conclusão de que esse discurso de que perdão faz bem pro coração e
pra alma é pura balela. Só quem perdoa de verdade é mãe, pai e irmão. Às vezes
nem isso.
Ódio e rancor só fazem mal para
quem é fraco ou não tem amigos. Porque essas pessoas “cheias de paz”, que têm
uma rede de relacionamentos enorme e estão estabilizadas no emprego nem precisam
sentir ódio e pedir perdão de gente que eles mesmos desprezam, porque não vai lhes
fazer falta nenhuma, pois têm um milhão de amigos. Falsos, mas têm. Só precisa
de perdão quem está por baixo.
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