Conheceram-se.
Conversaram. Dançaram coladinhos ao som de Besame Mucho. Beijaram-se.
Apaixonaram-se. Brigaram por ciúmes. Fizeram as pazes. Tudo no mesmo baile da
terceira idade. Iniciaram, a partir daí, uma relação que foi oficializada,
cinco anos depois, em um casamento, que durou cinquenta anos, três filhos,
quatro netos e dois pequenos bisnetos.
Alcebíades
e Ademilde tinham trinta e vinte e cinco anos, respectivamente, quando se
conheceram. Eram muito tímidos. Como odiavam boate jovem, preferiram se
divertir em um baile da terceira idade. E assim se conheceram. Encerraram a
noite com o Samba-Enredo da União da Ilha de 1979.
***
As
bodas de ouro foram comemoradas a dois em uma boate jovem, daquelas bem
escuras, com música eletrônica altíssima bem bate-estaca, as luzes bem
piscantes que chegavam a causar epilepsia e aquelas fumaças aromatizantes bem
enjoativas.
Os cinquenta anos de casamento de Alcebíades e
Ademilde acabaram aí. Aos oitenta e cinco anos, ele teve um enfarte fulminante
provocado pela vibração do som e ela, aos oitenta, tropeçou no degrau escuro
quando foi socorrê-lo. Caiu, fraturou a bacia e morreu na cirurgia. Viveram
juntos para sempre. E tudo começou num baile da terceira idade. Quando eram
jovens.
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